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Músicos



Sergio Hinds

Sobre

A história do guitarrista Sérgio Hinds se mistura com a história do grupo O Terço, pois ele foi o fundador. Em suas origens em 1968, estão três bandas da longínqua década de 60 – Joint Stock Co., Hot Dogs e Os Libertos, por onde iniciaram o então baixista Sérgio Hinds, o guitarrista Jorge Amiden e o baterista Vinícius Cantuária. O conjunto era originário do Rio de Janeiro, mas depois iria radicar-se em São Paulo.

O grupo Os Libertos, então formado pelos três músicos, era uma atração que agitava as domingueiras do Rio de Janeiro. A banda ainda se chamaria Santíssima Trindade. Em 1970 ou 71 passam a se chamar O Terço.

Sobre o significado da palavra terço, é claro que é um “fracionário que corresponde a três” ou a “terça parte de alguma coisa”, inclusive a do Rosário, conjunto de contas utilizado na liturgia Católica para computar um determinado número de orações (quinze Pai-Nossos e quinze Ave-Marias). O nome O Terço caiu como uma luva pelo menos para essa primeira formação da banda, que era a de trio (guitarra-baixo-bateria). Sérgio Hinds, perguntado de onde foi tirado o nome do grupo disse: “O Terço como trio e o símbolo do rosário representando união”.

O grupo lançou dois compactos simples ainda antes do primeiro LP. Aquela era a época do Rock Rural e do Rock Progressivo, e O Terço seguiu estas sonoridades.

Sobre o ano de lançamento do LP de estréia: 1969. O primeiro LP, intitulado simplesmente O Terço, tratando-se, pois, de um disco homônimo, apresenta um rock tipo anos 50, 60, com leves tintas progressivas.

Em outubro de 1970, O Terço participou do V FIC (Festival Internacional da Canção), com a música “Tributo ao Sorriso”, que foi classificada em terceiro lugar. Neste mesmo ano de 1970, o grupo trabalhou com o empresário Marinaldo Guimarães, um personagem típico da época, preocupado sempre em fazer o público pensar. O espetáculo “Aberto para Obras” pode ter representado o auge de suas proposições estéticas. Montado no Teatro de Arena do Largo da Carioca, o público entrava por estreitos corredores e se via separado dos palcos por cercas de arame farpado. Descobrindo finalmente como chegar a seus lugares, tinham que escolher entre olhar para baixo, onde estava o Módulo 1000, ou para cima, onde se encontrava O Terço.

Abaixo havia também uma mulher preparando pipoca em um fogão e mais adiante, sentado em um vaso sanitário, o irmão de Jorge Amiden (d’O Terço) empunhando estático um violão por três horas seguidas, apenas para arrebentá-lo no final de tudo. O Terço chegou a lançar o compacto duplo O Visitante (Adormeceu/Doze Avisos/Mero Ouvinte), entre o primeiro e o segundo discos. A banda participou do Festival Internacional da Canção de 1971 com a música O Visitante, contando com Hinds (guitarra), Vinícius Cantuária (bateria), Amiden (guitarra) e Cezar de Mercês (baixo) e ostentando estranhos instrumentos no palco, como uma guitarra de três braços – a tritarra – ou um violoncelo elétrico. O segundo trabalho, também homônimo e lançado entre 1973, traz uma sonoridade mais progressiva (segundo alguns, totalmente progressiva) e é, talvez, o disco mais homogêneo de toda sua carreira. Neste disco, há a participação de Luiz Paulo Simas (ex-Módulo 1000 e futuro Vímana) tocando synth e órgão na suíte de 19 minutos Amanhecer Total, uma das primeiras canções nacionais a usar o mini moog. Jorge Amiden, o primeiro músico de que se tem notícia no mundo que apareceu tocando a tritarra, deixa O Terço para participar do grupo Karma, com o qual realiza um belíssimo disco acústico, com belas canções e lindos vocais.

Nessa época, Sérgio Hinds grava como baixista LP de Ivan Lins e viaja em tournê.
Dois anos depois, em 1975, seria lançado o LP que consagraria definitivamente a banda, formada então por Hinds (guitarra, viola, vocal), Luiz Moreno (bateria, percussão) o carioca Sérgio Magrão (baixo, vocal, outro ex-integrante do Joint Stock Co.) e o mineiro Flávio Venturini (piano, teclados, viola, vocal, que já havia participado das bandas Os Turbulentos, Haysteacks, Crisalis e do movimento mineiro - de MPB- Clube da Esquina): Criaturas da Noite, cuja faixa-título, síntese perfeita de MPB com Prog Sinfônico, viraria hit nacional, vende centenas de milhares de cópias e presenteia o público brasileiro com uma das obras-primas do progressivo brasileiro, a clássica faixa 1974, que na opinião de alguns, é o hino do rock progressivo nacional. 1974 é composição do recém chegado Flávio Venturini, 12’21″ de puro instrumental, ricamente arranjados e com diversos momentos melodicamente encantadores. Outra música do mesmo álbum, Hey Amigo, também projeta definitivamente o nome do grupo. O Terço, ao lado dos Mutantes, era o grande nome do Rock brasileiro. Neste trabalho e em outros, a banda consegue soar como um conjunto de calibre internacional. O disco ainda teria uma surpreendente versão em inglês. Por volta de 1977, 1974 foi coreografada pelo argentino Oscar Araiz, para o Royal Balet do Canadá, e apresentada em turnê pelo Canadá e Estados Unidos. Outro destaque de Criaturas da Noite é a sua belíssima capa. O título da obra é A Compreensão, de autoria de Antonio e André Peticov. Flávio Venturini levou para o conjunto elementos do movimento mineiro Clube da Esquina. Além das sonoridades do rock progressivo e da MPB, o grupo ainda tinha elementos de hard rock e de hard progressivo.

Apesar do sucesso limitado (isso se compararmos o grupo com artistas de apelo mais popular daquele tempo), O Terço atingiu o status de cult entre os jovens da época, além de ter representado, para a juventude dos anos 70, o que a banda de heavy metal Sepultura simbolizou para os anos 90.

Eles se tornaram os heróis do rock, convocando seus seguidores através do hino Hey Amigo, o maior hit de sua carreira.

O refrão “Hey amigo/cante a canção comigo/nesse rock/estamos perto de ser/a unidade final” era gritado a plenos pulmões pelo público que assistia à banda no Teatro Bandeirantes, reduto da tribo roqueira em São Paulo. Outros grandes representantes do rock progressivo brasileiro que se apresentavam freqüentemente no Teatro Bandeirantes eram os Mutantes, o Som Nosso de Cada Dia e o Terreno Baldio. Fábio Golfetti, que fundou o Violeta de Outono nos anos 80, assistiu diversas vezes a todas estas excelentes bandas neste mesmo teatro.

Os integrantes d’O Terço caprichavam ainda nos vocais em coro, considerados os mais harmoniosos da época.

O Terço segue estrada, e lança, após o estrondoso sucesso de Criaturas da Noite, em 1976 (com a participação, na flauta e vocal, de Mercês), o disco Casa Encantada, que também consegue boas vendagens, sendo um trabalho que sempre caracterizou o som da banda: rock com elementos de MPB. Músicas como Guitarras, Flor de la Noche, Casa Encantada e Solaris mostram a capacidade criativa dos músicos na época, tanto em melodia quanto em trabalhos mais elaborados. Eu também gosto bastante das faixas Cabala e O Vôo da Fênix. Junto com 1974, é um clássico do RP tupiniquim, diz Sérgio Hinds.

Casa Encantada foi concebido num sítio onde a banda ensaiava na década de 70 e foi todo composto neste local, que chamavam de Casa Encantada. O sítio fica no km 48 da BR 116.

Casa Encantada e Criaturas da Noite contaram, nas faixas em que há a participação de orquestra, com arranjos do maestro Rogério Duprat, com quem Venturini já havia estudado composição e arranjos. Casa Encantada e Criaturas da Noite seriam relançados em CD pela gravadora italiana Vinyl Magic.

Neste mesmo ano de 1976, O Terço participa do filme Ritmo Alucinante, dirigido por Marcelo França. O Terço também teria participado de importantes eventos como o Hollywood Rock e o Temporada de Verão, no teatro João Caetano, com os grupos Mutantes e Veludo, isso tudo no Rio de Janeiro, além de ter aparecido no antigo programa musical Sábado Som, da TV Globo, apresentado por Nelson Motta, que foi quem organizou estes mesmos eventos. A banda ainda participou do festival Banana Progressiva, que aconteceu em São Paulo, em 1975, no Teatro da Fundação Getúlio Vargas.

O grupo ainda participou de um disco de Walter Franco, o qual também contou com as presenças de Sérgio Dias e Arnaldo Baptista (ambos dos Mutantes), entre outros. Não se pode também deixar de comentar a participação de Hinds, Mercês, Venturini e Magrão no disco Nunca (1974), da dupla Sá & Guarabyra. Sérgio Hinds, junto com Sérgio Dias (Mutantes) e Mozart de Mello (Terreno Baldio) foi um dos maiores guitarristas do rock progressivo nacional nos anos 70. Em 1998, ele disse que nunca tomou sopa de cogumelo, apesar da sua aparência de doidão e que seu apelido no grupo era capitão saúde. Hinds é o único que esteve na banda, desde o início, em 1968, até hoje.

Após terem realizado os dois grandes clássicos mencionados acima, Criaturas da Noite e Casa Encantada, ocorre a saída de Flávio Venturini, o que ocasiona perda de qualidade no som da banda.

Em 1978, O Terço lança o disco Mudança de Tempo, apresentando muita MPB e um bom trabalho de guitarra de Sérgio Hinds. As faixas Não Sei Não, Minha Fé (esta com participação de Rosa Maria) e Blues do Adeus, as outras músicas merecem ser escutadas. Neste play aparece pela primeira vez o famoso, interessante e bonito logotipo que o grupo vem usando até hoje, talvez fazendo alusão ao Rosário católico. Em Mudança de Tempo há a presença do baixista e tecladista Sérgio Caffa (ou Kaffa?), que já havia passado pelos grupos Scaladácida (banda de Hard Rock Progressivo surgida no início da década de 70 pela qual também passou o flautista, percussionista, vocalista e futuro Vímana Ritchie), Cia. Paulista de Rock (superbanda de apoio de Erasmo Carlos em 1975) e Luís Carlos Sá & Banda (banda de um dos integrantes da dupla Sá e Guarabira). Depois de Mudança de Tempo, o baixista Sérgio Magrão deixa o grupo, para fundar, junto com Flávio Venturini, o 14 Bis.

Em 1980 Sérgio Hinds lança seu primeiro disco solo pela CBS cantando , e fazendo uma homenagem instrumental ao famoso e amigo maestro “Tributo a Rogério Duprat”. Som mais puro, de 1982, é outro álbum que investe bastante na MPB, contando com Hinds, Ruriá Duprat (teclados), Zé Português (baixo) e Franklin Paolillo (ex-Made in Brazil e ex-Tutti Frutti) (bateria). Som mais puro também apresenta uma composição deixada como herança por Flávio Venturini, a longa faixa Suíte que é, como 1974, outra extraordinária obra instrumental.

Em 1990 Sérgio Hinds lança seu segundo CD solo todo instrumental que gravou no estúdio da Miksom e lançou pelo selo da revista Fluir. Todo com composições próprias. Os fãs do Terço têm que esperar até 1993, quando uma nova banda, formada por Hinds, Franklin Paolillo (bateria), Luiz de Boni (teclados) e Andrei Ivanovic (baixo), lança Time Travellers, CD de progressivo sinfônico que apesar de não ter nada a ver com os trabalhos consagrados do grupo, pelo menos resgata algo do estilo para os velhos seguidores. O grupo, ainda em 93, abriria o show do Marillion no Brasil com músicas deste novo trabalho.

Em 1994 saiu o disco ao vivo Live At Palace, gravado com a Orquestra Sinfônica Juvenil do Estado de São Paulo. A formação é a mesma de Time Travellers. Em 1996 O Terço lançou um CD intitulado Compositores. A formação era basicamente a mesma do álbum anterior e o disco foi composto por clássicos da MPB, como “Sangue Latino” dos Secos e Molhados.

Em 1998 foi a vez do álbum Spiral Words ser editado. Nele temos Hinds (guitarra, vocal), Edú Araújo (guitarra), Max Robert (baixo), Daniel Baeder (bateria) e Beto Correa (teclados). Outra bela capa, de autoria do também fotógrafo Marcelo Rossi (não é o famoso padre). Segundo Hinds, as letras de Spiral Words são variadas, por isso o nome “Palavras em espiral”. Ainda de acordo com Hinds, quando do lançamento do disco, o grupo estava se aproximando do fusion.

Em 1999, André Gonzales assume o posto de Daniel Baeder na bateria e a banda lança Tributo a Raul Seixas, uma homenagem aos dez anos de morte do roqueiro baiano. Depois disso, Edu Araújo deixou a banda e em seu lugar foi recrutado Igor de Bruyn, que também integra o quarteto de cordas Kroma (além da banda Red). A EMI lançou em CD, em 1999, uma edição dois em um, reunindo os discos Criaturas da Noite e Casa Encantada.Em 2006, Sérgio Hinds monta um trio de músicos motociclistas 3HD e lança CD pela Movie Play.

Em 2007, Sérgio Hinds, Flávio Venturini, Sérgio Magrão e Sérgio Melo (no lugar do falecido querido Moreno) se reúnem na fomação considerada clássica da banda e gravam ao vivo no Canecão DVD e CD lançado no natal pela gravadora Som Livre. Sérgio Hinds no momento se dedica a gravação do seu novo CD Solo além de fazer shows com O Terço e o 3HD.

DISCOGRAFIA:
- O TERÇO (1970)
- O TERÇO (1973)
- CRIATURAS DA NOITE (1975)
- CRIATURAS DA NOITE (versão em inglês – CREATURES OF THE NIGHT) (1975)
- CASA ENCANTADA (1976)
- MUDANÇA DE TEMPO (1978)
- SÉRGIO HINDS (1980)
- SOM MAIS PURO (1982)
- SÉRGIO HINDS INSTRUMENTAL (1990)
O TERÇO (Memória da Música Brasileira, coletânea) (1992)
- TIME TRAVELLERS (1993)
- LIVE AT PALACE (1994)
- COMPOSITORES (1996)
- SPIRAL WORDS (1998)
- TRIBUTO A RAUL SEIXAS (1999)
- O TERÇO (Preferência Nacional, coletânea)
- 3HD (2006)
- O TERÇO Ao Vivo (2007) DVD e CD


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